Foi estabelecido nesta noite, depois de anos de debate em Brasília, que a Avenida Paulista será substituída por empresas estatais que o governo ainda pretende criar. Isto é, as centenas de empresas que residem na avenida mais famosa da cidade terão de se mudar. Segundo o diretor do projeto Altamir Souza “80% das empresas ameaçaram sair da cidade”. Mas ele acredita que apenas 70%, de fato, se mudará para outras cidades. Apesar do impacto econômico que isso irá causar, o projeto de empresas estatais irá gerar milhares de empregos e terá o custo de R$30 bilhões de reais. Estima-se que cerca de 400 mil pessoas deixaram de ter seu sustento.
Como você se sentiu lendo isso? Patético, não é? Pois já pensou lhe tirassem de um lugar, ou algo, que é extremamente importante? Ou melhor, que lhe garante a sobrevivência. Hoje uma das maiores preocupações do brasileiro é ter um emprego; algo que lhe garanta o sustento. Se a Avenida Paulista deixasse de abrigar as milhares de empresas muitos perderiam seus empregos e reivindicariam pelos seus direitos. Pois hoje, com o mesmo valor absurdo de gasto (R$ 30 bilhões) e com a desculpa de que novas vagas de trabalho surgirão é que o governo vai tirar o que garante a sobrevivência de dezenas de tribos indígenas que vivem às margens do Rio Xingu; vão tirar a natureza deles. A natureza (incluindo o Rio Xingu) é a Avenida Paulista desses povos, e a Usina Monte Belo vai tirá-la deles.
Eles vivem da natureza; da caça, da pesca e do plantio. Tire a natureza dos índios e eles não terão como se sustentar. Tire-os daquela terra e sua história e tradição será perdida.
Eles vivem da natureza; da caça, da pesca e do plantio. Tire a natureza dos índios e eles não terão como se sustentar. Tire-os daquela terra e sua história e tradição será perdida.
O governo alega que as tribos serão enviadas para outros locais. Mas eu pergunto: Será mesmo? Você gostaria que ter de se mudar para outra cidade caso a empresa que você trabalha se mudasse? Se os índios aceitaram o projeto porque existe o movimento XINGU VIVO PARA SEMPRE, criado na segunda reunião indígena realizada anos atrás para debater este assunto? Por que as 18 tribos que vivem no Xingu teriam ido á Brasília protestar contra a Monte Belo? Por que, no Festival de Parintins desse ano, o Boi Garantido clamou em versos rimados a atenção do Brasil para as tribos indígenas?
Não é porque os índios representam apenas 0,4% da população brasileira que a nação deve ignorar os efeitos que a construção dessa usina pode causar na gente que vive em função do rio.
“Pimenta é refresco nos olhos dos outros”. Se resolvessem acabar com a Avenida Paulista muitos certamente não iriam gostar. Mas a corda sempre arrebenta do lado mais fraco. A verdade, é que o Brasil não assume o índio como parte de seu povo; vê-se muito distante de sua cultura, apesar dela ter contribuído muito para a cultura hegemônica do Brasil.
Além disso, os impactos ecológicos são terríveis! O pior de todos é a apreensão de alguns animais em áreas alagadas causando a extinção de centenas de espécies de animais! Os resultados que o governo tanto exalta são momentâneos, mas os prejuízos são eternos; irreversíveis. Será que vale tanto á pena mexer na vida de tanta gente, na vida da natureza e em todo ecossistema da região? Não confiem em órgãos como a FUNAI e o IBAMA. Ouçam as vozes daqueles que vivem ali. Eles sim, sabem o que é melhor.