terça-feira, 14 de junho de 2011

MINISTRA DA CULTURA DIZ QUE O MAIS IMPORTANTE É O CRIADOR, NÃO O PROJETO

A entrevistada do Programa do Jô, nesta madrugada de quarta-feira, foi a ministra da Cultura, e também cantora, Ana de Holanda. Depois de ser alvo de críticas, a irmã do cantor Chico Buarque, explicou o caso de Maria Bethânia e fez uma mapeamento da situação atual do ministério que dirige. 

Ministra da Cultura, Ana de Holanda

Jô Soares não foi imparcial. Mais parecia estar "puxando o saco" da ministra do que propriamente entrevistando. Ela, por sua vez, apresentou um discurso claro, honesto, porém com um ponto de vista que não condiz com a realidade nacional.

Segundo Ana de Holanda o ministério possui R$800 milhões de verba, sem excluir os gastos fixos. A plateia, ao ouvir o número fez um "Oh", mas ela mesma respondeu "Não é muito". O ministério está recorrendo á patrocinadores e parcerias com empresas e com estados, a fim de conseguir investir em tudo aquilo que se mostra de bom grado, aos olhos do ministério. Isto é, se o governo precisa recorrer á empresas privadas, imagine a situação de um artista autônomo. Além de existir menos empresas dispostas a financiar um projeto cultural, esse fato evidencia o estado financeiro deplorável do Ministério da Cultura.

O caso de Maria Bethânia também foi descutido. Primeiramente a ministra explicou que o projeto referente á cantora, recebeu a autorização de captar os R$1,3 milhão e não que ela receberia esse valor em dinheiro público. O projeto "O mundo precisa de poesia", de Maria Bethânia, era a elaboração de um blog em que seriam postados diariamente, no período de um ano, vídeos dela recitando poemas. Claro, que recorrendo á toda uma produção e direção de ótima qualidade.

O problema não está na autorização de captação, mas no que a ministra Ana de Holanda disse. Segundo ela, avalia-se muito o processo criativo, ou seja, quem é que vai criar. Dessa forma, um projeto autônomo ao disputar verba com um projeto pertecente á uma celebridade, como Bethânia, certamente irá perder.  Avalia-se mais o nome daquele que está disposto a executar o projeto, do que o projeto em si. Jô Soares citou isso com certo desdém, criticando os detendores desta opinião "'Ah, a Bethânia não precisa disso'" e a ministra respondeu "Mas nós precisamos dela". 

Não restam dúvidas que Maria Bethânia faz exímios trabalhos, mas nada impede que um desconhecido seja tão talentoso quanto ela. Projetos bons saem de Bethânia, mas também podem sair de um autônomo que nunca teve uma oportunidade.

Há dois anos, assisti uma palestra do ator Antônio Fagundes.Na época, em cartaz no teatro FAAP com a peça Restos, Fagundes declarou que celebridades como ele não precisavam recorrer á leis de incentivo à produção cultural do governo. O patrocínio, no caso dele, vem mais rápido, justamente porque ele é uma figura conhecida. Fagundes ainda lembrou que há muitas peças de excelente qualidade sendo apesentadas em salas (sequer são teatros) em péssimas condições; são essas produções, segundo ele, que deveriam ser beneficiadas pelo governo, mas que ao contrário, são ignoradas. 

A cultura no Brasil é um terreno muito frágil. Ará-lo é tarefa árdua e delicada. Ainda espero que bons projetos de autônomos sejam enxergados pelos olhos do ministério e a gente possa ver surgir outras estrelas nesse país. 

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